Precisei matá-la!

16.7.17

"No que se refere" a cabelo, estou devendo dois posts. 

E estou aqui para cumprir meu dever e promessas de blogueira, e hoje trago meu (confissão) relato sobre como as coisas mudaram dentro de mim com toda aquela tragédia capilar, lembram? (Se não lembram ou não viram, cliquem aqui!) Na semana que vem vou trazer um post/tutorial/resenha sobre os produtos que foram minha salvação. 

 Então bora lá para a segunda parte do post Confissões de uma Cacheada - Parte II. E te prepara que é textão, mas por favor leia até o fim, pois ele é bem significativo e especial.



Eu a "matei" !

Eu não contei para vocês no outro post, mas nós tínhamos um evento especial para ir, que era o aniversário da minha prima. No dia do aniversário meu pensamento era: ir ou não ir? Já que meu cabelo estava derretido, como eu faria para escondê-lo de toda família? Pensei em peruca, mas não dava tempo; pensei em cortar, mas eu morria de medo de ficar com cabelo curto (como ficariam minhas fotos para o blog? Nem pensar!); até pensei em não ir, mas eu queria ir! Poxa, minha prima se esforçou em dar uma festa, eu não poderia fazer tamanha desfeita, né? Foi então que tive a brilhante ideia: vamos para o youtube aprender penteados para cabelo crespo, talvez funcione! E lá fui eu pesquisar tutoriais, com um monte de meninas lindas com cachos PERFEITOS e não derretidos.

Vi tantos penteados lindos, as gurias falando de auto estima, de um tal de empoderamento, em se assumir com seus cabelos, e eu ali arrasada, querendo morrer. Logo após fui tomar banho, quase desistindo em ir; eu estava muito deprê para qualquer evento. Enquanto olhava para aquele cabelo loiro que mais parecia um chiclete esticado eu não sei de onde surgiu o pensamento: meninas que estavam em uma cama de hospital sem cabelo nenhum, CARECAS por uma enfermidade, quer seja por queimadura, escalpelamento ou até reação de quimioterapia. Na hora me bateu um sentimento de o quanto eu estava sendo infantil e egoísta por estar dando tanto valor para aquele cabelo derretido enquanto existem muitas meninas com histórias e dores reais por perder seu cabelo.

Na mesma hora percebi que a velha "Malu", aquela menina adolescente, insegura, que se preocupava com o que os outros achavam ou não achavam dela estava bem VIVA. E ela estava ali comigo naquela tarde ensolarada tentando me convencer do que ela acreditava anos atrás. Que meu cabelo era feio, que volume era um problema, que cabelo curto era um horror e que eu nunca teria um cabelo lindo como o das outras meninas, não importasse o que eu fizesse.
Saí do banho e, em frente ao espelho, me olhei nos olhos. Consegui enxergá-la ali, a adolescente Malu, cheia de pré-conceitos de si mesma. Perguntei: até quando vou tentar me convencer de que meu cabelo não presta? Até quando vou ficar me diminuindo por não ser igual a todo mundo? ATÉ QUANDO? E nesse exato momento resolvi dar um basta! 

 Chega de sentir inferior! Chega de achar que cabelo não nasce depois de química errada! Chega da busca incansável do cabelo perfeito para os outros. Simplesmente CHEGA! Eu a matei! MATEI aquela MENINA que não aceitava seu cabelo, aquela guriazinha que dizia para si mesma: "você é feia, seu cabelo tem volume e o volume é feio. Ter cabelo crespo é feio". A matei dentro de mim, olhei no espelho novamente e vi com olhos racionais e percebi que o desastre não era tão catastrófico, teria conserto. Não era o fim.

Viva a vida!

Decidi que aquela noite seria memorável, o dia da libertação. Dia de comemorar a vida, celebrar a saúde e de se estar perto de quem se ama! Fiz uma fitagem no meu cabelo, joguei ele pro lado e fui com ele solto mesmo. Comemorei com minha família a vida da minha prima. Tirei fotos sem me esconder, sem me importar que elas fossem parar na internet. Brinquei, sorri, me senti plena comigo mesma. Entendi o que as meninas do youtube falavam sobre se sentir empoderada. Entendi o que é empoderamento e o que significa: 

 "é a ação social coletiva de participar de debates que visam potencializar a conscientização civil sobre os direitos sociais e civis. Esta consciência possibilita a aquisição da emancipação individual e também da consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política." 
(Fonte: https://www.significados.com.br/empoderamento/)

No meu caso, me libertei de conceitos que eu achava que estavam bem trabalhados, só pelo fato de ter cabelo crespo, mas na verdade ainda tinha paradigmas não bem resolvidos dentro de mim.
Meu cabelo depois de cortado, reconstruído e tonalizado. Detalhe fiz tudo eu mesma! Menos o corte.😉

Ó cabelo, cabelo meu!

Muita coisa mudou dentro de mim depois desta experiência cabelística (acabei de inventar esta palavra hehehe).
  • Parei de me importar tanto com a opinião alheia sobre meu cabelo: Antes de me tornar cristã e quando era adolescente, eu quase morria para tentar ter o cabelo "perfeito". Nunca odiei meus cachos, mas acreditava que eles eram feios, para mim o cacho bonito era aquele feito de babyliss intacto (aquele das novelas, sabe?), todos muito bem posicionados e comportados, nada de volume. Quando me tornei cristã, meu conceito sobre mim mesma mudou muito, entendi que Deus me ama do jeitinho que sou. Parei de implicar com cabelo, parei de fazer química agressiva e até que aceitava meu cabelo, arriscava até soltar. Porém, a opinião dos outros ainda mexia comigo, e só percebi isso depois que derreti meu cabelo. Porque mesmo depois de adulta, fazia de tudo para me sentir aceita com o meu cabelo pelas outras pessoas. Tudo mudou no dia da festa mesmo, ou vocês acham que ninguém falou que estava estranho meu cabelo? Ah, é claro que falaram! Meu cabelo parecia uma corda que foi desfeita, estava hiper quebrado, sequíssimo e loiro pra caramba! Como que não iam falar? Mas eu não me importei, como disse, eu estava plena! Nada iria tirar minha plenísse (ai, como estou criativa! Acho que vou fazer um dicionário, esta é a segunda palavra nova só neste post kkkk)
  • Se a vida te der um limão, faça uma limonada: Aprendi a cuidar deste novo serzinho (my hair); entendi que era necessário dar uma atenção para os meus fios. Comecei a usar um penteado que aprendi no youtube para facilitar o manuseio durante a semana e ajudar no crescimento das partes mais danificadas. Fiz muitas hidratações caseiras para fortalecê-lo, aprendi o que fazer para reconstruir os fios, tudo através da internet e da ajuda das minhas amigas. E fiz tudo em casa mesmo, afinal, estava ressabiada de salões de beleza. Mas a coisa mais incrível que me aconteceu foi  que me tornei influenciadora. E quando digo isso não é do tipo: "olhem pra mim, sou blogueira e sei convencer as pessoas das minhas opiniões!". Bem pelo contrário, ainda nem assimilei o fato de ser blogueira, ainda mais INFLUENCIADORA. Mas o que quero dizer com isso é que, não sei como, mas pessoas ao meu redor começaram a se inspirar no meu cabelo. Sério! Meninas na minha igreja disseram que queriam ter o cabelo como o meu. Colegas que nem sabiam da história queriam saber como era o penteado que eu fazia. Sim, o meu cabelo ainda estava detonado e, mesmo assim, as pessoas de alguma forma que não sei explicar começaram a admirar o meu cabelo. E isso me emociona muito, sabe! Como disse antes, precisei vencer muita coisa internamente, muitos medos e inseguranças. E ver meninas imitando meu penteado e suas mães me procurando para falar que suas filhas queriam assumir seus cabelos igual a irmã Malu me deixam sem palavras para descrever para vocês.
  • De todas, a maior lição: Sabe de uma coisa, amigo(a) leitor(a) , foi necessário o meu cabelo derreter para que eu vencesse medos que eu achava estar bem resolvidos dentro de mim. Às vezes não entendemos por que coisas ruins e desagradáveis acontecem na nossa vida e, quando digo isso, não sei se você está passando (ou já passou) por algo ruim que não estava nos seus planos viver. Independente do tamanho do problema, gostaria de te dizer que "bom marinheiro só se faz com a tempestade no mar, que o ensina a velejar e são e salvo retornar...". Esta frase é de um hino da Marcela Taís e que diz muito. Às vezes é necessário passarmos por tempestades na vida para que possamos crescer, vencer os medos, nos superarmos e sermos melhores do que ontem. A palavra de Deus diz: "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de PAZ e não de mal para vos dar o fim que desejais [...] Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte..." (Jeremias 29:11 e 14). Deus é bom o tempo todo e Ele tem pensamentos de paz para nós, e Ele pode nos conceder a paz mesmo em meio às tribulações. Realmente, eu não sei se você chegou a ler até aqui, mas se você está lendo este post, independentemente de suas crenças e anseios, te digo que o Senhor pode transformar em bênçãos as piores tormentas, sejam elas quais forem. ACREDITE!
Feliz semana e bjoks😘😘

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